Origem do Espírito Santo

O estado do Espírito Santo originou-se da criação de uma capitania - Capitanias eram extensas glebas de terra doadas pela Coroa de Portugal a membros da pequena nobreza, a fim de repassar para a iniciativa privada a tarefa e os custos de promover a colonização. O sistema de capitanias hereditárias foi implantado entre 1534 e 1536. A colônia foi inicialmente dividida em 15 capitanias (faixas de terra com 50 léguas de largura) que se estendiam do litoral até os limites do Tratado de Tordesilhas (assinado entre Portugal e Espanha, com a intermediação do papa, em 7 de junho de 1484, estabelecendo que todas as terras situadas a leste de uma linha imaginária traçada a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde, na África, pertenciam a Portugal, enquanto as terras situadas a oeste dessa linha pertenciam à Espanha). Foram doadas a 12 capitães donatários. Mais tarde, foram criadas novas capitanias - doada a Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo português que aportou na região a 23 de maio de 1535.
Tratava-se de um domingo do Espírito Santo, razão pela qual a capitania recebeu esse nome.
Os indígenas que habitavam a região apresentaram muita resistência ao processo colonizatório, recuando para a floresta e iniciando, a partir de então, uma luta de guerrilhas contra os portugueses, que se prolongaria até meados do século seguinte.
Além dos índios, os colonizadores tiveram ainda que enfrentar constantes incursões de piratas franceses, holandeses e ingleses na região.
A partir do século XVII, com a criação dos primeiros engenhos de açúcar, o interior do estado começou a ser povoado, desenvolvendo-se a atividade agrícola e o comércio.
No início do século XVIII, porém, a economia local entrou em processo de estagnação e a capitania, até então subordinada à Bahia, foi reintegrada à Coroa.
Em 1810 adquiriu plena autonomia, passando a ser administrada por um governador.
Com a chegada de imigrantes suíços, alemães, holandeses e açorianos, a partir de 1823, a economia da região voltou a crescer.
Embora os fazendeiros tenham se arruinado com o fim da escravatura, em 1888, a grande corrente de imigração liderada por italianos, que se manteve de 1892 a 1896, fez crescer a cultura do café, saneando as finanças do estado e permitindo o seu desenvolvimento.
Essa base agrícola histórica deu origem à denominação "capixaba", dada às pessoas originárias do estado do Espírito Santo, que, na língua indígena tupi, quer dizer terra "boa para a lavoura".
No decorrer do processo de imigração européia desencadeado no Brasil durante o século XIX, diversas comunidades alemãs foram criadas na região serrana do estado do Espírito Santo, dando origem a uma paisagem marcada por traços da cultura européia e à adoção de costumes típicos dos países daquela região.
Este é o caso do município de Domingos Martins, a 46 km de Vitória, nas barrancas do rio Jucu, muito utilizado para competições de canoagem, por seu relevo acidentado e repleto de pequenas cachoeiras. Nesse local, em 1847, foi fundada a colônia de Santa Isabel, primeiro povoado de colonização alemã no estado. Traços dessa colonização germânica podem também ser encontrados nos municípios de Paraju, Biriricas, São Miguel, Melgaço, Marechal Floriano e Santa Maria.
Todos os anos, em janeiro, tem lugar na região a Festa do Imigrante Alemão e, em fevereiro, a Festa do Chucrute, reunindo, ambas, grande quantidade de descendentes dos primeiros colonizadores.
Santa Leopoldina, situada 50 km a noroeste de Vitória, também se originou como um centro de colonização alemã no século XIX. Atualmente, o município tem 30 mil habitantes e sua principal atração é o Museu do Colono, que guarda material representativo da colonização alemã e eslava na região.
Imigrantes italianos também chegaram ao estado, instalando-se, em sua maioria, nos municípios de Aracê e Araguaia. Encontra-se em Aracê, a famosa rocha chamada Pedra Azul, de 1.822 metros de altura, onde também se encontra uma caverna, a gruta da Pedra Azul.
A região onde hoje se encontra o estado do Espírito Santo foi, no passado, terra de índios valentes e guerreiros, que lutaram violentamente contra os primeiros colonizadores, para manter o estilo de vida que conheciam e não se deixarem subjugar pelos europeus que pretendiam transformá-los em escravos. Atualmente, no entanto, a população indígena do estado ficou reduzida a um total de 884 habitantes, divididos em três grupos (Caieiras Velhas, Camboios e Pau Brasil), que ocupam área total de 4.492 hectares, já demarcada pelo governo federal, por intermédio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).