Mito do mapa da Amazônia nos livros ditáticos norte-americanos

Mito do mapa da Amazônia nos livros ditáticos norte-americanos

Quando eu lecionei numa determinada unidade de ensino, custumava ouvir dos alunos ( e até de alguns professores) que nos Estados Unidos, os alunos estudavam a geografia da América Latina com um mapa que mostrava a Amazônia como uma “área internacional”, mais ou menos como o ártico ou as águas internacionais. Nunca acreditei muito nisso e sempre dizia que era uma grande bobagem. Mas, eis que essa semana recebo um e-mail de uma ex-aluna com o tal mapa. Resolvi fazer uma pesquisa. Percebi que isso jamais poderia acontecer. Primeiro porque os americanos certamente não estudam a geografia da América Latina na escola, por que esles não estudam GEOGRAFIA. Segundo porque se tal livro didático existisse, geraria um grande problema diplomático e os americanos não se arriscariam, prefeririam comprar um pedaço da Amazônia, mesmo que aos poucos. Bom, decidi dar uma olhada no conteúdo do e-mail e o que achei se aproximava do ridículo.

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Bom, qualquer um que conheça inglês percebe claramente que essa página não foi escrita por uma anglófono. Alguns dos erros bizarros de inglês são:

  • 3.000: nos Estados Unidos se separa números com vírgula (3,000)
  • irresponsable: devceria ser irresponsible
  • O “a” antes de”unintelligent” deveria ser”an”
  • vegetals: erro primário de plural(vegetables)
  • explorate: falso cognato (deveria ser exploit)

Eu poderia citar outros, mas isso já mostra que o texto foi escrito por alguém que fala inglês porcamente, possivelmente um brasileiro (explorate?). Outros problemas são a menção a um tal G-23 (que não existe) e a uma área de proteção da Onu. Não existe tal coisa como uma área de proteção da Onu, a Onu não governa região alguma e o sistema de tutelas deste organismo está existinto há tempos. Dei uma pesquisada de cinco minutos e descobri coisas interessanstes:

  • O professor e diplomata Paulo Roberto de Almeida tem um site dedicado a desmoralizar essa farsa. O site é amplamente documentado e prova claramente que o e-mail não passa mesmo de um mito urbano. O link é esse aqui: http://www.pralmeida.org/04Temas/07Amazonia/00Amazonia.html
  • A secretaria de Estado norte-americana também já se pronunciou sobre o tema. Entre outras coisas eles dizem que o tal livro citado não existe e falam dos erros básicos de inglês na página. Vejam aqui:http://usinfo.state.gov/media/Archive/2005/Jul/07-397081.html
  • A embaixada do Brasil nos Estados Unidos também já se pronunciou sobre o assunto e eles também julgam a coisa como uma farsa mesmo.

Resumindo, a coisa toda é ridícula. Não que eu seja pró-americano ou ache que a Amazônia não corre perigo. As ameças à Amazônias são reais, urgentes e vão desde traficantes até agricultores irresponsáveis. Mais vigilância na região seria muito útil à soberania do Brasil, sem nenhuma dúvida. Agora, achar que as criancinhas americanas são doutrinadas a achar que a região é internacional é, no mínimo, ridículo. Até porque, o fato da amazônia ser brasileira (e colômbiana, peruana…) não impede que as indústrias farmacêuticas norte-americanas explorem sua biodiversidade, que os investidores norte-americanos comprem suas terras, que os traficantes cruzem suas fronteiras e por aí vai…

Moral da história: a internet é legal mas não acredite em tudo que você lê…